Phoebe Palmer

“Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. [1 Pe 3:15]

“Eu tenho pensado”, disse um dos filhos de Sião ao outro, pois no amor eles perseveraram no caminho dado aos redimidos do Senhor para seguir; “Eu pensei”, disse ele, “se não há um modo mais curto de entrar neste caminho de santidade do que alguns dos nossos irmãos apreenderam?”

“Sim”, disse a irmã, que era membro da denominação aludida; “Sim, irmão, há um caminho mais curto! O! Eu tenho certeza que esta longa espera e a luta contra os poderes das trevas não é necessária. Há um caminho mais curto”. E então, com um sentimento solene de responsabilidade, e com uma convicção de anúncio da verdade, ela acrescentou: “Mas, irmão, há apenas um caminho”.

Dias e até semanas se passaram, e ainda assim a questão, com solene apoio, repousou sobre a mente daquela irmã. Pensou na afirmativa dada em resposta à pergunta do irmão – examinado ainda mais de perto o fundamento bíblico sobre o qual repousava a verdade da afirmação – e o resultado da investigação serviu para acrescentar uma confirmação ainda maior à crença de que muitos discípulos sinceros de Jesus, por várias perplexidades desnecessárias, consomem muito tempo tentando trilhar neste caminho, o qual poderia, mais vantajosamente para si e para os outros, ser empregado em progredir nele, testificando do conhecimento experimental de sua bem-aventurança.

Quantos, a quem o Amor Infinito há muito teria trazido a este estado, em vez de procurar ser levados imediatamente à posse da bênção, estão buscando uma preparação para recebê-lo! Eles sentem que suas convicções não são profundas o suficiente para justificar uma aproximação ao trono da graça, com a expectativa confiante de receber a bênção agora. Nesse ponto, alguns podem ter demorado meses e anos. Tal qual a irmã, que tão confiantemente afirmou “há um caminho mais curto”. E aqui, querido filho de Jesus, permita que o escritor lhe diga como aquela irmã encontrou o “caminho mais curto”.

Ao olhar para as exigências da palavra de Deus, ela viu a ordem: “Sede santos”. Ela então começou a dizer em seu coração: “Quaisquer que tenham sido as minhas deficiências anteriores, Deus exige que eu seja agora santa. Tenha convicção ou não, o dever é claro. Deus requer santidade presente”. Ao chegar a este ponto, ela imediatamente apreendeu uma verdade simples antes não imaginada, isto é, conhecimento é convicção. Ela sabia muito bem que, ao longo do tempo, ela estava certa de que Deus requeria a santidade. Mas ela nunca considerou este conhecimento um apelo suficiente para seguir a Deus – e por causa da necessidade presente, pedir uma concessão atual dessa dádiva.

Convencida de que, a esse respeito, havia confundido o caminho, ela agora, com energia renovada, começou a fazer uso do conhecimento já recebido e a discernir um “caminho mais curto”.

Outra dificuldade pela qual o curso dela havia se atrasado, ela descobriu estar aqui. Ela estava acostumada a olhar para a bênção da santidade como uma realização tão alta, que seu hábito geral de alma a inclinou a pensar que estava quase fora de seu alcance. Essa impressão errônea a influenciou a pensar no assunto da seguinte forma: – “Vou deixar todo estado elevado de graça, apenas nominal, e procurar ser apenas plenamente conformada à vontade de Deus, como registrado em sua palavra escrita. Meus principais esforços devem ser centrados no objetivo de ser uma humilde cristã da Bíblia. Pela graça de Deus, todas as minhas energias serão direcionadas para esse ponto. Com este único objetivo, seguirei em frente, ainda que minha fé possa ser tentada ao extremo por aquelas manifestações que são contidas, que antes eram consideradas essenciais para o estabelecimento da fé”.

Ao chegar a este ponto, ela foi capaz de obter uma visão mais clara da simplicidade do caminho. E foi por esse processo. Depois de ter tomado a Bíblia como a regra da vida, em vez das opiniões e experiências dos professores, ela descobriu, ao levar a palavra abençoada mais intimamente à companhia de seu coração, que nenhuma declaração soava mais atraente a seu entendimento do que esta: “Vocês não são seus, são comprados por um alto preço, portanto glorifiquem a Deus em seus corpos e espíritos”.

Com isso, ela percebeu o dever da inteira consagração em uma luz mais forte e mais sagrada do que antes. Aqui ela viu Deus como seu Redentor que reivindica, em virtude do grande preço pago uma vez pela redenção do corpo, da alma e do espírito, o presente e completo serviço de todos esses poderes redimidos.

Com isso, percebeu que, mesmo que se vivesse constantemente toda a renúncia de tudo o que fora tão sofridamente adquirido por Deus, ela não passaria de uma serva inútil; e que, ao menos que tudo fosse entregue, ela seria pior do que inútil, na medida em que seria culpada de manter parte do preço pelo qual havia sido comprada por Deus: “Não com coisas corruptíveis, como prata e ouro, mas pelo precioso sangue de Jesus”. E depois de tão claramente discernir a vontade de Deus com relação a ela, sentiu que o pecado de Ananias e Safira seria menos culpado aos olhos do Céu do que o dela, se ela não resolvesse imediatamente viver em toda a consagração de todos os seus redimidos poderes de Deus.

Profundamente consciente de sua infidelidade, ela agora determinou que o tempo passado deveria ser suficiente; e com uma humildade de espírito, induzida pela consciência de não ter vivido na realização de tal “serviço razoável”, ela foi capacitada, através da graça, a resolver com firmeza de propósito toda aquela devoção de coração e vida a Deus. Este deve ser o assunto que absorverá suas próximas jornadas de vida.

*Este Texto é o primeiro capítulo do livro O Caminho da Santidade – uma narrativa da experiência religiosa resultante de ser uma cristã bíblica, que em breve será publicado pela Editora Sal Cultural. Phoebe Palmer foi uma das principais figuras leigas do Movimento de Santidade do Século XIX e escreveu este livro em 1849.

Tradução: Eduardo Vasconcellos

Editora Sal Cultural - Coleção Grandes Temas da Teologia

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