Por Luis Felipe Nunes Borduan

“…Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha Presença e sê Perfeito.” [Gn 17.1]

A perfeição cristã é uma das doutrinas bíblicas e wesleyanas mais mal compreendidas e interpretadas. Devido as controvérsias com a palavra; “perfeição”. João Wesley foi orientado a usar outra palavra para expressar seu verdadeiro significado, contudo, ele dizia que não deixaria de usar a linguagem própria das Escrituras.

Uma das maneiras de nós aprendermos um conceito de forma plena é desfazendo alguns mitos que existem sobre ele e dizendo o que ele não é. É isso que proponho fazer nesse primeiro texto sobre o assunto.

  1. A Perfeição Cristã não significa Perfeição Absoluta.

A perfeição absoluta só pertence a Deus. Todo bem e toda dádiva vem do Pai das Luzes (Tiago 1:17) e bom só existe um que é Deus (Mateus 19:17). Logo, toda e qualquer bondade ou perfeição só pode ser derivada de Deus. Sendo assim, só Deus é perfeito, mas as Suas criaturas podem também ser perfeitas em um sentido relativo. A nossa perfeição é derivada da perfeição divina.

  1. A Perfeição Cristã não significa Perfeição Angélica.

Os santos anjos de Deus são seres que jamais caíram e, portanto, retêm as suas faculdades originais, tais como receberam. Não cometem erros, como acontece ao homem no seu estado atual de debilidade e fraqueza. Têm uma perfeição impossível de ser alcançada pela humanidade.

  1. A Perfeição Cristã não significa Perfeição Adâmica.

O ser humano foi feito um pouco menor que os anjos (Salmos 8:5) e, sem dúvida, no seu estado original possuía uma perfeição desconhecida ao homem na sua presente condição de existência no mundo.

  1. A Perfeição Cristã não significa Perfeição de Conhecimento.

Não só foi pervertida a vontade do homem e alienados os seus afetos na queda, mas até o seu intelecto foi obscurecido (o que chamamos de efeitos noéticos da queda). Por isso, deste entendimento defeituoso emanam opiniões errôneas com respeito a muitos assuntos, levando, por sua vez, a falsos juízos e a inclinações erradas dos afetos.

  1. A Perfeição Cristã não significa Imunidade a Tentação ou a Possibilidade de Pecar.

A tentação e a susceptibilidade ao pecado são essenciais ao nosso estado de provação. O Nosso Senhor Jesus Cristo foi tentado da mesma forma em que nós somos e, todavia, não cometeu pecado.

Conclusão

Precisamos desmistificar o ensino bíblico da doutrina da Perfeição Cristã para que possamos nos apropriar de forma plena desta promessa conquistada com sangue e amor por Cristo na cruz do calvário e consigamos viver a plenitude do “amor tornado perfeito” que nos capacita a estar no centro da vontade de Deus e ter um relacionamento real com nosso Pai e cumprir seu mandamento de amá-lo sobre todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos.

Editora Sal Cultural - Coleção Grandes Temas da Teologia

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