Por Luís Felipe Nunes Borduam
A graça de Deus na perspectiva wesleyana é una. Não existem diversos tipos de graça. Graça é graça. Favor imerecido de Deus por nós. As divisões que são feitas se restringem ao aspecto didático e pedagógico. Tem a função de mostrar cronologicamente como a graça de Deus atua sobre o homem. Assim sendo, podemos falar de graça preveniente, graça convencedora, graça justificadora, graça santificadora e graça glorificadora.
A graça preveniente na perspectiva wesleyana possui dois aspectos: uma restrita e outra abrangente. A graça preveniente pode ser compreendida como toda a ação da graça de Deus que se efetua antes da conversão (visão restrita) ou toda ação da graça que age, sustenta do início ao fim todo o processo salvífico até a glorificação, dando ênfase a ação primária de Deus sobre o homem em todo o processo.
A graça convencedora se trata da ação do Espirito Santo de Deus por intermédio das Escrituras que gera um convencimento do pecado da justiça e do juízo (João 16:8); atraindo o ser humano para o momento da conversão.
A graça justificadora abrange o momento em que o ser humano após ser convencido pelo Espírito Santo se rende a ação dessa graça e Deus o regenera fazendo nascer de novo, isto é, ressuscitando a natureza moral do homem que estava morta em pecados e delitos (Efésios 2:1) e o tornando justo diante de Deus.
A graça santificadora é aquela que conduz o salvo a um processo contínuo de crescimento e maturidade. É, de forma efetiva, um relacionar-se com Deus e ter seu ser transformado e em transformação devido ao início dessa relação para o cumprimento do verdadeiro propósito de Deus que não se restringe em nos levar para o céu, mas sim em nos transformar a semelhança de Seu Filho Jesus, pois está é a vontade de Deus a nossa santificação (Romanos 6:22; I Tessalonicenses 2:13; I Tessalonicenses 4:3,4;7; Hebreus 12;14; I Pedro 1:2 etc).
A graça glorificadora é o momento em que receberemos um corpo glorificado, transformado e incorruptível (I Coríntios 15:52); como disse o Apóstolo João em sua primeira carta capítulo três, versículo dois que agora somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que haveremos de ser, pois quando Ele se manifestar o veremos face a face e seremos semelhantes a Ele.
Para a visão bíblica wesleyana toda a graça de Deus ainda que indiretamente tem fins salvíficos. Até o ar que respiramos, as bênçãos que recebemos, os livramentos, etc; não se tratam de um outro tipo de graça, mas sim a graça preveniente de Deus atraindo o homem para si e dando oportunidade de conversão e transformação. O wesleyanismo não cria graças distintas, uma com fins terrenos e temporários e outras com fins celestiais e eternos. Entendemos que a justificação para ir morar no céu não é um fim em si mesmo como muitos defendem; mas sim que a salvação é o começo de uma jornada de santidade e santificação, pois a salvação na perspectiva bíblica wesleyana é um restaurar de relacionamento de Deus com toda a Sua criação.